O Pedro em Angola

Deito-me cansado.

Dias após dia, está-se a tornar uma rotina pouco usual e da qual não consigo sair.

O problema não está no deitar-me cansado.. Há cansados bons!

O problema está no cansado em si, pois é um cansado triste/infeliz/deprimente.

Estou numa espiral negativa, da qual tenho perfeita noção de que estou, no entanto não consigo dela me livrar/sair. Ou melhor, até sei os passos a seguir, mas parece que existe uma força maior do que eu a sugar-me toda a força de vontade de me levantar de manhã com alegria e deitar-me cansado mas feliz.

Falta-me a paciência, falta-me a capacidade de compreensão, mas acima de tudo falta-me a capacidade de ser EU.

É impressionante os impactos negativos que este ano está a trazer fruto do esforço e desgaste feito no ano passado, em que não tive férias/parei.

E é incrível as mentiras que contamos a nós mesmos para nos mantermos neste estado sombrio. Ora é porque hoje choveu e não dá para correr, ora porque tenho um relatório para entregar e vou ter de ficar até mais tarde, ora porque de manhã não tenho tempo, ora porque estou cansado e não consigo concentrar-me na leitura, etc…

Tenho receio de que este desinvestimento em mim me faça ficar “morcão”, alguém que acorda, trabalha, janta e dorme…

Alguém que entre o acordar e o deitar nada tira, não experiencia vida, não sente sentimentos, não cresce...

Hoje acordei cansado…

Hoje NÃO me vou deitar cansado!!!

Na semana passada fez 6 anos em que cheguei pela primeira vez a Angola.

Quando olho para trás vejo que efectivamente muito de mim mudou com a vinda para cá.

   Gostava muito de poder dizer que tudo o que mudou foi para melhor, mas infelizmente não é verdade.

   Talvez devido à exigência profissional, ou apenas porque sim, tornei-me muito mais frio e insensível, ao ponto de nem todos os dias querer falar com a família em PT. Isto vindo de quem sempre foi muito chegado à família e trabalhou com/em família, é algo que eu não sei ou consigo explicar.

   Estar longe faz-nos estar ausentes do dia a dia, daquelas pequenas coisas que fazem parte do hábito de quem convive. Seja a gaveta onde estão os talheres, ou a porta onde estão os copos, estar ausente significa que quando regressamos e algo não está onde sempre esteve faz com que aos poucos deixes de sentir a tua casa como tua. E não, ainda não estou preparado mentalmente para aquela não ser a minha casa.

   O tempo nota-se a passar tão rápido nos nossos, principalmente os extremos, os mais novos e os mais velhos…

   E o ano passado ter estado 1 ano sem ir a PT fez com que esse impacto fosse maior.

   Assusta-me ver os meus avós cada vez mais debilitados e ser difícil sequer ter uma conversa com o meu avô (e como ele gosta de falar e contar as peripécias que viveu ao longo de uma vida difícil, mas cheia).

   Assusta-me ver os pequenitos que não saiam do colo no ano passado e agora já falam e andam.

   E tudo isto assusta-me porque dentro de meses faço 35 anos e ainda estou longe de ser um projecto acabado, ou sequer de ter uma ideia ou um caminho fixo que possa ou deva seguir aquando do regresso a PT.

   Entendo que este ano que já vai a todo o vapor com quase 4 meses não está a ser o que eu esperava em termos de realização e crescimento pessoal/profissional, pois se por um lado atinge-me um cansaço mental demasiado grande que veio não sei bem de onde, a isso junta-se uma incapacidade mental de seguir os caminhos que tanto me fizeram bem no ano passado, isto é, fazer exercício todos os dias e ler, principalmente ler.

   Sei bem que aos poucos vou recuperando rotinas boas, pois já consigo sair da cama antes das 06:30, embora não faça nada de produtivo até sair de casa… O final do dia é que continua a ser um escuro que não consigo iluminar.

   Falando de Angola, passados estes anos todos ainda há muito por descobrir e aprender com este povo, com esta forma de viver. Continuam a ser surreais as tempestades de final de dia com 1001 relâmpagos que me fazem parecer um menino com medo e a chuva que cai com uma violência e força que inunda tudo e todos…

   Sei que sou um privilegiado por aqui nada me faltar, e entristece-me ver que os que comigo trabalham em dia de chuva estão com os corações nas mãos pensando se vai ser hoje que a sua casa vai ser inundada, ou qual a ginástica que vão ter de fazer para chegar a casa.

   Neste momento a vontade é de terminar esta ligação no final do ano, embora sei que mesmo que tome essa decisão só conseguirei sair algures daqui por um ano.

   Não por não gostar de cá estar, de não gostar das pessoas, do clima ou dos costumes. Nada a ver com isso.

   Apenas não me vejo a ficar cá muito mais tempo, pois sinto falta de estar aí em PT, com todos os problemas e dificuldades que isso acarreta, mas sinto saudades de PT, da minha família, de casa!!!

Tenho lido que para nos ajudar a concretizar os nossos objectivos, devemos colocá-los por escrito.

Penso que nestes primeiros 3 meses desliguei-me em demasia de mim mesmo, e está na hora de me conectar… :)

Assim, aqui vão os objectivos para este mês:

• Correr 100km
• Ler 2 livros
• Ver Queen’s Gambit
• Fazer um bolo diferente
• Fazer uma comida diferente
• Fazer revisão dos livros que li este ano

E vocês, quais os objectivos para este Abril?

Sei que é "cliché" dizer isto, mas nem dei por Março passar.

E quando digo que não dei pelo tempo, isso reflecte-se nos planos que tinha, nos objectivos que tinha, etc...

Quando dei por mim já estavamos nos dias 24/25 e com tanto por cumprir.

Pessoalmente nem foi muito mau, embora só tenha terminado parte já em Abril, mas consegui:

• Ver Mandolarian (a 2ª temporada só terminei hoje);
• Ler - "A Única Coisa" - Gary Keller e Jay Papasan
• Ler - "O Segredo da Mente Milionária" - T. Harv Eker
• Corri 25km - bem longe dos 100km que me tinha comprometido

Profissionalmente continuou a saga do projecto alvo em que não há forma de o fechar, o que acabou por tornar este mês (e início de ano) mediano face ao esperado.

Por vezes sinto que estou perto do meu limite aqui em Angola e que está mais do que na hora de regressar, mas no momento seguinte vejo que ainda tenho muito que crescer/aprender/desenvolver aqui e que não faz sentido abandonar agora...

Continuo sem saber que decisão tomar, embora saiba que até ao final de Junho preciso de a tomar!

Entrentanto a dona chuva hoje voltou, e como continua após este tempo todo ser estranho chover estando mais de 30 graus. Se juntarmos a isto estar dentro de casa com o AC bem fresquinho, quase que parece cenário de filme...

Gostava e espero que em Abril consiga voltar a correr regularmente, ler todos os dias e ver uma temporada de uma série. A ver vamos!

Também espero conseguir fazer uma breve crítica aos 2 livros que li e à série que vi, para ver se volto a obrigar-me a pensar em algo que não seja relacionado com o trabalho, pois há dias em que penso que não vivo para mais nada que não isso.

Por isso, vem lá Senhor Abril com as tuas Chuvas Mil e rega a inspiração deste teu admirador...

   O Ano começou como terminou.

   Meio confinado, de férias em PT (mas em trabalho), com um sem número de assuntos a resolver antes de viajar para AO.

   Ora era dentista, ora era compras prioritárias, relatórios, reports, presença em Summit’s online, a verdade é que aquelas 4 semanas de férias passaram sem que desse conta. E quando dei por mim, já me estavam a enfiar uma zaragatoa por ambas as narinas abaixo para poder viajar… Já disse que o teste feito em PT foi das coisas mais dolorosas que senti???

   A viagem para AO foi calma, e para quem tanto critica a TAP, devo-vos dizer que o investimento que fizeram nos novos aviões fazem valer os 1000 e tal euros que se gasta na viagem… É que uma coisa é fazer 2 horas de viagem num avião, outra bem diferente é fazer 8h… Com a opção gratuita de wi-fi, podemos através da internet enviar mensagem via “Watsapp / Viber / Messenger”… Se pagarmos um plano, até podemos navegar na internet…

   Depois, o desafio… E não, não falo das 4horas para sair do aeroporto e chegar a casa… Falo nos 7 dias de quarentena em casa…

   Sim, aqui faz-se quarentena obrigatória de 7 dias, sendo que para podermos sair de casa temos de fazer novo teste e dar negativo… Parece que aqui é que é o país desenvolvido… :D

   Estar 7 dias em casa é todo um novo desafio… Não por estar fechado em casa, mas pelo conciliar do tempo. Dada a necessidade de se trabalhar, foram 7 dias em teletrabalho em que foi bastante difícil conciliar o meu tempo e o tempo de trabalho… Dei por mim sem horas fixas para nada, tirando a hora de acordar… :D

   Entretanto passaram-se quase 2 meses em que não dei por o tempo passar.

   O cansaço é permanente, o número de horas de trabalho aumentam a cada semana e dou por mim a pensar que a este ritmo vou ter um colapso algures entre final de abril e início de maio… :D

   Agora a sério, sinto que só agora este ano é que sinto os efeitos de ter estado o ano passado inteiro a trabalhar sem ter férias, muito embora tenha estado 1 mês em PT de férias.

   Aliás, sinto mais exaustão agora do que no final do ano… :D

   Angola continua difícil, a condições económicas não estão favoráveis embora exista a expectativa que melhorem com o aproximar das eleições gerais no próximo ano, pois o MPLA vai ter de investir na melhoria das condições de vida da população, sob pena de ser desta que sai de cena.

   Angola continua a ter imensas oportunidades, só que cada vez é mais difícil e mais demorado fechar novos negócios, o que nos obriga a um maior desgaste e esforço para atingir os objectivos de forma a manter um crescimento sustentado.

   Se no passada o processo de negociação eram 3 ou 4 dias, agora são 3 ou 4 semanas/meses…

   Este início de ano fez-me perceber que está a chegar o momento de pensar no meu regresso a PT, pois daqui a um mês faço 6 anos de AO…. 6 Anos!!!! OMG!!!

   Como, quando e que forma vou regressar, isso eu não sei… Não sei o que quero fazer quando regressar, tenho sim muitas ideias, mas sem grandes certezas…

   Espero que este início de Março faça com que me mantenha mais activo no blog e consiga demonstrar este ano o que é a vida de um português expatriado por terras angolanas.

Mais de 11 meses depois estou a iniciar a minha viagem de regresso a Portugal.

Embora já há cerca de 2 semanas que sei do dia da viagem, só hoje quando fechei as malas e saí de casa aqui em AO é que me caiu a ficha de que finalmente vou voltar a casa, a minha casa.

E, só me apetece chorar! De emoção, mas só me apetece chorar!

Foram muitos dias/semanas/meses de angústia, de incerteza, de emoções fortes/fracas, sentimentos que nunca senti, o viver à distância toda a situação que ainda se vive aí em PT e nada poder fazer, e agora finalmente posso voltar a ver os meus...

Mas tenho tanto medo! Medo de ao os ver poder por algum motivo os poder contaminar!

Bem sei que tenho de usar todos os mecanismos e mais alguns de protecção (sim, aqui em Angola desde Abril que somos obrigados a andar de máscara!!!), mas ainda assim só a ideia de lhes poder fazer mal aterroriza-me.

E por isso torna este regresso mais marcante, mais estranho, mais esquesito...

Faz-me falta tanta coisa... Tanta gente... Os cheiros, as cores, o frio (sim, sinto falta de sentir frio)...

E logo eu que estou cheiooooooo de saudadessss de tudo e de todos!!!

Pode parecer algo sem sentido…

Pode parecer um auto-elogio desnecessário…

Mas…

Quando no ínicio de Setembro comecei a correr ao final do dia, o objetivo para além de emagrecer e voltar abaixo dos 80kg era uma vez mais desafiar-me a fazer algo que seria muito difícl de conseguir.

Era assumir um compromisso comigo mesmo de que iria encontrar o tempo necessário para me dedicar a mim, para apostar e investior em mim.

Esse desafio era de conseguir correr os 5km abaixo dos 25minutos, coisa que já há mais de 10anos não o fazia…

Comecei no ínicio de Setembro e tinha como objectivo conseguir isso até à minha viagem de férias a Portugal que (ainda não tendo a certeza do dia) esperasse que seja agora a meio de Dezembro.

Depois de no sábado e na terça estar quase, ontem lá consegui.

Foram 2 meses e meio de muita luta, de chegar ao final do dia após 12/13horas de trabalho e trocar os sapatos e camisa pelas sapatilhas/calções…

Quando comecei a correr nem perto dos 5km chegava, e foram precisos cerca de 3 semanas até conseguir correr 5km… Foi a 20 de Setembro e fi-lo quase nos 30minutos…

Depois de já quase 11 meses longe de casa, sãos estas pequenas conquistas pessoais que me permitem continuar a encarar o dia a dia com a mesma motivação do início do ano…

Hoje há mais...

Bons dias.

A primeira semana de Setembro já passou (1 a 6), e penso que é possível fazer desde já um ponto de situação relativamente a tudo o que me tinha proposta fazer.

Assim:

• Exercício Físico - Corri 2 dias (3+4km) e dos restantes desafios cumpri em 4 dos 6 dias;
• Alimentação - Tirando o sábado e domingo (guilty), cumpri minimamente com o que me propus;
• Leitura - Já li o Neuropersuasão e a Arte da Meditação (livro muito muito interessante o qual irei abordar estes dias). Estou a ler neste momento o "Pai Rico - Pai Pobre", e está a ser para mim o livro da abertura mental necessária para encarar o meu regresso definitivo a Portugal, sabendo exactamente o que quer fazer profissionalmente.
• Revisão de Livros - Continuo na revisão à Arte da Persuasão, que está a ir mais lento do que pensava. Nem todos os dias tenho conseguido tirar um tempo para o fazer.
• Profissional/Pessoalmente - foi uma semana calma, sem grandes confusões. E isso por si só já é uma vitória. :)

Traço como objectivo adicional para esta semana acordar 2 dias mais cedo para fazer meditação. :D

Boa semana a todos!

Há dias em que acordo triste.

…não porque tenha dormido mal!

…não porque tenha tido pesadelos!

…não porque o dia anterior tenha sido mau!

…não porque o dia que iria começar tivesse como expectativa ser mau!

…não!

Apenas acordo triste… assim!!!

Hoje estou assim!!!

Sem motivos!!!

Há dias em que acordo triste!!!